Geralmente, a voz rouca não deve ser motivo para preocupação pois costuma melhorar em poucos dias. No entanto, a rouquidão constante ou por longos períodos pode ser um sinal de alerta.
A rouquidão é um sintoma que costuma ocorrer após infecções respiratórias ou uso indevido da voz, como gritar ou falar por muitas horas. Ela é resultado de algum problema na laringe, que é o órgão responsável pela passagem do ar para a traqueia e pulmões.
Rouquidão ou disfonia
É na laringe que ficam as cordas vocais, órgão responsável pela emissão da voz. Edemas ou inflamações em algum desses pontos da via respiratória podem levar a alterações na qualidade, no volume e no tom da voz.
Problemas na laringe ou nas cordas vocais tendem a exigir aumento do esforço para falar. A esse conjunto de sinais, médicas e médicos chamam de disfonia — popularmente conhecida como rouquidão.
Embora via de regra não seja motivo de preocupação, quando a disfonia é persistente, a indicação é buscar auxílio médico. Isso porque a voz rouca, ainda mais acompanhada de sintomas como pigarro e tosse, pode indicar a presença de problemas ou lesões mais severas na laringe.
Doenças relacionadas à rouquidão constante
Alguns dos problemas mais comuns e que têm relação com a rouquidão são as doenças das vias aéreas superiores, como gripes resfriados, infecções/inflamações virais e bacterianas, e as alergias. Outra condição que provoca a voz rouca acompanhada de tosse seca e pigarro é o refluxo faringo-laríngeo (RFL).
Já entre as doenças mais severas e que necessitam de maior atenção estão as lesões nas cordas vocais, como cistos, pólipos e nódulos. Alguns tumores benignos podem ser causados pela Papiloma de Laringe, resultante da infecção por HPV e que tem como principal sintoma a rouquidão. No caso de tumores malignos, podem estar relacionados a câncer de laringe ou de tireoide.
Há também outras condições de saúde que provocam a rouquidão, como doenças neurológicas — o Parkinson é um exemplo. A lista ainda inclui atrofia e hemorragia nas cordas vocais.
Quando procurar um(a) especialista
Se você identificar nódulos na garganta, ou ficar rouca(o) por mais de duas ou três semanas, é preciso procurar uma(um) otorrinolaringologista, médica(o) especialista em ouvido, nariz e garganta.
A(o) profissional também deve ser consultada(o) quando:
- Ocorrer uma mudança importante e súbita na voz;
- A voz se tornar mais grave ou aguda, cansada, trêmula ou fraca;
- A(o) paciente notar que está fazendo grande esforço para falar;
- A rouquidão estiver associada a dificuldade para respirar ou dor;
Sempre que a rouquidão prejudicar o trabalho ou a qualidade de vida, é necessário buscar ajuda médica.
Diagnóstico
Para descobrir a causa da rouquidão, a(o) especialista realiza uma avaliação completa, que inclui revisão do histórico clínico e entrevista com a(o) paciente. Exames clínicos e laboratoriais também podem ser necessários.
Durante a consulta, a(o) otorrinolaringologista examina as cordas vocais usando um laringoscópio, instrumento que ajuda a revelar a presença de lesões, edemas, hemorragia e outras alterações. Em alguns casos, pode ser solicitado biópsia e/ou exames de imagem, como a ressonância magnética, que auxilia na avaliação das lesões encontradas e dos tecidos adjacentes.
Prevenção
Adotar algumas medidas simples na rotina pode ajudar a prevenir o aparecimento de lesões nas cordas vocais, e consequentemente a rouquidão. Isso porque alguns hábitos de vida têm efeito direto sobre os órgãos da fala.
É recomendado evitar o tabagismo e o consumo abusivo de bebidas alcoólicas. Essas são dois dos principais fatores relacionados à voz rouca e ao câncer de faringe. O excesso de bebidas cafeinadas também são é prejudicial à saúde da voz, uma vez que, como os demais, causa desidratação no aparelho vocal.
Atitudes que atuam como preventivas contra a rouquidão incluem beber bastante água e se alimentar adequadamente para evitar distúrbios gástricos. Cuidados com o volume e o tom de voz, como evitar gritar e falar muito em ambientes barulhentos, também entram na lista.
Sobre a Dra Ane Trento
Dra Ane Trento é Otorrinolaringologista, com residência médica realizada no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, e Fellow em Cirurgia Facial no Hospital do Instituto Paranaense de Otorrinolaringologia (IPO). Atende em Santa Catarina (SC), nos municípios de Criciúma, Tubarão e Içara. Para mais informações, clique aqui.